Baleia Jubarte

Entre todas as espécies de baleias que frequentam o nosso litoral, com certeza a Baleia Jubarte é a estrela principal. Elas nadam calmamente pelas nossas águas, são extremamente acrobáticas e avistadas em número maior de vezes em relação as outras.

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Regis Bossolan

Entre todas as espécies de baleias que frequentam o nosso litoral, com certeza a Baleia Jubarte é a estrela principal. Elas nadam calmamente pelas nossas águas, são extremamente acrobáticas e avistadas em número maior de vezes em relação as outras espécies. 

A baleia Jubarte possui um comportamento migratório, como a grande maioria das espécies, e costumam ser avistadas no litoral brasileiro entre os meses de Abril e Novembro. Elas se alimentam durante o verão nos mares antárticos, em uma concentração maior no entorno das Ilhas Geórgias do Sul, e retornam para as nossas águas no inverno e primavera para se acasalar, parir e amamentar seus filhotes. Neste ciclo de migração elas podem percorrer até 9 mil km anualmente, sendo metade desse percurso em 2 meses. 

No entorno do Arquipélago de Ilhabela elas são mais avistadas nos meses de Junho e Julho. Então fique atento, se você quer ter a oportunidade única de ver esses lindos animais de perto precisa vir para Ilhabela neste período. Existem diversas empresas que oferecem esse tipo de turismo, sempre com muita segurança e respeito aos animais. 

Para você que quer aprender um pouco mais sobre a espécie, segue algumas curiosidades: 

Alimentação 

  • Se alimentam basicamente de Krill, pequenos crustáceos semelhantes ao camarão que são extremamente abundantes nos mares antárticos, e de pequenos peixes formadores de cardume como a sardinha e similares. 

  • Utilizam uma técnica conhecida como “rede de bolhas”. Elas se agrupam, fazem um mergulho sincronizado onde começam a liberar cortinas de bolhas cercando o cardume, após isso elas sobem para a superfície entre as bolhas e com a boca aberta, capturando as presas. 

  • Ao invés de dentes, elas possuem uma cortina de cerdas filtradoras em ambos os lados da boca chamadas de “barbatanas”, semelhantes a escovas. Quando abrem a sua enorme boca para se alimentar, uma grande quantidade de água é abocanhada sendo expelida logo em seguida pelas suas barbatanas, ficando apenas o seu alimento que é então ingerido. 

Respiração 

  • As baleias são mamíferos, portanto respiram ar. O esguicho conhecido como “borrifo” nada mais é que ar quente expelido pela sua respiração, igualzinho a nós seres humanos, e não água como algumas pessoas pensam. Sim, elas também possuem pulmões. 

  • Estima-se que a baleia jubarte possa chegar a até 600 metros de profundidade em seus mergulhos e consegue ficar cerca de 30 minutos submersa sem respirar. 

Reprodução 

  • Acredita-se que o nascimento do filhote ocorre durante a noite. Logo após o cordão umbilical se romper o filhote precisa chegar rapidamente à superfície para respirar. Para isso ele precisa da ajuda de sua mãe, que o apoia em suas costas facilitando a sua respiração. 

  • A fêmea dá à luz um único filhote por vez, com uma gestação de 11 meses. O filhote nasce aproximadamente pesando 1 tonelada e 4 metros de comprimento. 

  • Um filhote pode ingerir até 100 litros de leite diariamente. O desmame ocorre entre 6 e 10 meses de vida, com 1 ano ele se torna independente e se separa da mãe. 

  • Antes de começar a migração para a área de alimentação os filhotes precisam aumentar a sua camada de gordura se alimentando do leite que contém cerca de 40% de gordura. Aproveitam também para desenvolver a sua musculatura e habilidades motoras antes da longa migração. 

Morfologia 

  • Elas podem atingir até 18 metros de comprimento pesando cerca de 40 toneladas. 

  • As nadadeiras peitorais, aquelas que ficam nas laterais, podem chegar a ter 1/3 do comprimento do corpo e são geralmente brancas. 

  • Possuem uma camada de gordura com cerca de 15 a 30 cm de espessura. 

  • A parte inferior da sua nadadeira caudal possui padrões de coloração em preto e branco que são únicos para cada indivíduo, tendo a mesma funcionalidade da impressão digital do ser humano. 

  • Elas possuem uma ótima visão, tanto dentro como fora da água. Os ouvidos são pequenos orifícios a 30cm dos olhos. 

  • As baleis possuem cracas em sua pele que crescem em tamanho e quantidade de acordo que vão envelhecendo. 

 

Comportamento – Acrobacias e Cantos 

As baleias Jubarte são conhecidas por suas lindas acrobacias que são grandes espetáculos para quem está assistindo, além de literalmente cantarem debaixo d’água. Mas por trás desse show, existe um porque nesses comportamentos. Elas fazem isso para se exibir e se comunicar. Pelo menos é nisso que estudiosos acreditam. Estudar as baleias é uma tarefa muito complicada e difícil, e ainda existem muitos mistérios por trás dessas lindas criaturas que ainda não descobrimos. 

Segue algumas informações e curiosidades:  

Salto 

Ahhh o salto. Quem não gosta de ver um lindo salto da baleia jubarte? Com certeza é o momento mais esperado entre todos os espectadores. Durante um salto total elas podem projetar até 2/3 do seu corpo fora d’água. É possível enxergar esse movimento de bem longe, além do grande splash é possível ouvir o barulho do seu corpo batendo na água. 

O motivo? Bem, existem algumas suspeitas para esse comportamento. Elas podem estar usando o barulho feito no salto para se comunicar, chamando a atenção de algum indivíduo do grupo. De repente elas podem estar se exibindo, por que não? Pode ser um macho mostrando as suas habilidades para as fêmeas, ou desafiando outros machos. Pode até ser uma maneira de eliminar parasitas ou cracas que aderem ao seu corpo, ou até mesmo uma forma de espiar o que está acontecendo na superfície. 

O canto 

Se comunicar embaixo d’água é um enorme desafio. Utilizar a visão ou o olfato não são estratégias eficazes pois tanto a luz como o odor não conseguem viajar pela água de uma maneira rápida e por longas distâncias. Já o som sim. Ele se propaga 4x mais rápido na água do que no ar. É uma maneira eficaz de se comunicar e muito utilizado pelos mamíferos marinhos. 

O que é mais incrível é que as jubartes não emitem apenas um som qualquer, elas produzem canções. Sim, canções! É considerado um dos sistemas mais complexos e sofisticados de comunicação do reino animal. Apenas 5 espécies são conhecidas por emitir esse canto, são elas: baleia azul, baleia fin, baleia minke, baleia da groelândia e baleia jubarte. 

O que torna esse canto tão fascinante? É o seu padrão de construção. Os gemidos, choros, assovios são como palavras que juntas formam frases. Diversas frases repetidas são agrupadas em temas. Múltiplos temas repetidos em um padrão previsível formam as canções. É como se elas estivessem escrevendo músicas em partituras.  

A duração do canto das baleias pode variar muito, podendo o mesmo canto ser repetido por diversas vezes sem parar. Já foi registrado em uma gravação uma baleia cantando por 22 horas seguidas. As partes mais graves da canção, que são emitidas em baixa frequência, podem atingir até 3 mil quilômetros de distância. 

Como são apenas os machos que cantam, estudiosos acreditam que utilizam para atrair as fêmeas ou marcar território. Outra teoria é que ajudam na migração da sua população, já que elas sempre voltam para o mesmo local de reprodução e alimentação. Pode ser também uma maneira de se comunicarem com os seus filhotes ou até mesmo para se divertirem. 

E você acha que as surpresas pararam por aí? Nada disso. Os cantos evoluem com o passar do tempo, podendo ser adicionadas e/ou subtraídas palavras e frases formando novas canções. Cada população de baleias possuem o seu próprio repertório, porém quando machos de diferentes populações estão se alimentando em locais próximos, eles podem apreender uns com os outros, aperfeiçoando a sua canção. É um verdadeiro intercâmbio cultural, onde indivíduos da mesma espécie mas que não se relacionam entre si conseguem trocar aprendizados. 

Exposição caudal parada 

Esse tipo de comportamento é bem característico da população brasileira de jubartes, pouco visto em indivíduos de outras regiões. Elas ficam de cabeça para baixo, com a cauda exposta para fora d’água, podendo permanecer nessa posição por até 15 minutos. Em nenhuma outra parte do mundo se tem registro de períodos tão longos de exposição nessa posição. 

Não se sabem o porquê desse comportamento, mas existem algumas hipóteses, como por exemplo uma boa posição para amamentar os filhotes, uma maneira da fêmea dar um “chega para lá” no macho e evitar o acasalamento, pode ser também uma maneira de velejar ou de descanso, e até mesmo um mecanismo para regular a temperatura do corpo pois com a causa exposta ela poderia ganhar ou perder temperatura. 

Enquanto descobrem os motivos nós aproveitamos o show, pois é um bom momento para observar as baleias por mais tempo, além de ser uma ótima oportunidade para fazer registros de fotoidentificação da sua “impressão digital”. 

Batida de cauda 

Esse tipo de comportamento não é tão difícil de ser observado, costuma levantar muita água e fazer um som bem característico. As suspeitas são que elas utilizam esse movimento para desenvolvimento melhor da musculatura, da habilidade motora e da coordenação. Alguns dizem que pode até ser uma brincadeira, ou até mesmo um gesto mais agressivo. 

Espiar 

Sim meus amigos, elas também gostam de dar uma espiadinha. Elas fazem isso expondo a sua cabeça verticalmente para fora d’água. Elas até tentam ser discretas, mas com cabeça e olhos daquele tamanho não é tão difícil se esconder. 

Cientistas chamam esse comportamento de periscópio ou espiar mesmo, sendo comum ocorrer próximo as embarcações. Como se ela tivesse curiosa mesmo e quisesse olhar o movimento fora d’água. 

Exposição e batida da nadadeira peitoral 

Sabe aquelas duas nadadeiras localizadas nas laterais do seu corpo? Pois é, elas as utilizam em seus shows também. Em alguns momentos elas expõem as nadadeiras e a cabeça e nadam verticalmente, em outros elas literalmente batem as nadadeiras na água por diversas vezes. É mais frequente realizado pelas fêmeas. Alguns estudiosos acreditam que esse comportamento pode ser utilizado para chamar a atenção de outros indivíduos ou um movimento convidativo de uma maneira geral. 

 

 

O que fazer quando avistar uma baleia 

Hey, fique ligado, se você está a bordo de uma embarcação própria, existem regras internacionais de aproximação que precisam ser respeitadas, tanto para a sua segurança como delas. 

Dê uma olhada nesta ilustração: 

Para mais informações sobre interações aquáticas por nadadores, mergulhadores, caiaques, stand up paddle (SUP) e afins, embarcações não motorizadas, interações aéreas e demais informações, segue link para download do “Manual de boas práticas em interação com mamíferos marinhos” desenvolvido pelo ICMBio. 

 

O que fazer quando encontrar uma baleia encalhada 

 
Independente se ela estiver morta ou viva, ligue imediatamente para os órgãos competentes. Aqui em nosso litoral, cobrindo a área de São Sebastião, Ilhabela, Caraguatatuba e Ubatuba, é o “Instituto Argonauta”. Eles irão te passar orientações sobre o que fazer e uma equipe de resgate especializada comparecerá no local. 

Enquanto aguarda a chegada da equipe, isole a área e mantenha as pessoas e animais domésticos afastados da baleia. Devido ao seu tamanho pode ser perigoso ficar por perto, além de doenças que podem ser transmitidas. 

Fora isso não há muito mais o que fazer. As baleias são animais grandes e pesados, difíceis de serem manejados. Salvo exceções, normalmente somente ela conseguirá se desencalhar. Se ela não conseguir retornar para a água em até 24hs dificilmente sobreviverá. 

  • Guia Ilustrado de Identificação de Cetáceos e Sirênios do Brasil – ICMBio 

  • Guia Ilustrado de Mamíferos Marinhos do Brasil - IPeC 

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